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Piauí, 09 de maio de 2024
Circulando

A restrição do Projeto Seis e Meia em Piripiri: Uma Crítica Construtiva

Os shows do projeto ocorrem em um teatro com capacidade para menos de 400 pessoas, enquanto o município de Piripiri possui um público de quase 70 mil.


O Governo do Estado tem se empenhado nos últimos anos para viabilizar a vinda de renomados artistas nacionais como Vanessa da Mata, Geraldo Azevedo, Paulo Ricardo, dentre outros, para o município de Piripiri. Esse esforço merece reconhecimento, pois é um feito inédito que traz um importante impulso para a cultura local. No entanto, é necessário refletir sobre a forma como o projeto Seis e Meia tem sido conduzido, pois, ao invés de propagar a cultura de maneira ampla, ele acaba se tornando um evento centralizado, voltado quase sempre para os mesmos espectadores.

Os shows do projeto ocorrem em um teatro com capacidade para menos de 400 pessoas, enquanto o município de Piripiri possui um público de quase 70 mil habitantes, sem contar as cidades vizinhas. Essa discrepância revela uma oportunidade perdida de alcançar um número maior de pessoas e democratizar o acesso à cultura. Por que não realizar os espetáculos em praças públicas ou em locais de maior capacidade, de modo a alcançar um público mais amplo?

Além de proporcionar acesso a um número maior de pessoas, essa mudança traria benefícios para os vendedores ambulantes e para a economia local. Ao realizar os shows em espaços fechados e restritos, como o atual teatro, não se permite que esses empreendedores aproveitem a oportunidade para ganhar uma renda extra. Ao levar os eventos para espaços públicos, seria possível estimular a economia local e envolver a população de forma mais abrangente.

Outro ponto a ser considerado é o valor do cachê pago aos artistas. Independentemente de onde o show ocorra, o cachê é pago integralmente. Nesse sentido, é válido questionar a viabilidade financeira de realizar os espetáculos em um teatro com capacidade tão limitada. O valor investido em um único show nacional, que muitas vezes ultrapassa os 80 mil reais, poderia ser melhor aproveitado em eventos de maior escala, atingindo um público mais numeroso.

É compreensível que valorizar o teatro é importante, e ele pode ser utilizado para outros tipos de espetáculos. No entanto, é necessário repensar a alocação dos recursos e explorar alternativas que permitam expandir os movimentos culturais até a população em massa. Muitas pessoas humildes sentem vergonha ou não conhecem o local onde os eventos ocorrem, o que acaba desencorajando sua participação.

Outro fator que dificulta o acesso da população aos shows é a cobrança de um valor de entrada, muitas vezes inacessível para muitos. Além disso, as vendas são realizadas em horário comercial, o que impede que pessoas que trabalham durante esse período possam adquirir os ingressos sem enfrentar longas filas. Essas restrições limitam a participação de um público mais amplo.

Por que não abrir mão dessas barreiras e realizar os eventos em locais maiores, de forma totalmente gratuita? Dessa maneira, não apenas a cultura seria levada adiante, como também se criaria um ambiente propício para que pessoas de diferentes origens socioeconômicas pudessem desfrutar da arte e do entretenimento.

Resumindo, o projeto Seis e Meia em Piripiri possui um enorme potencial para promover a cultura e enriquecer a vida dos cidadãos. No entanto, é fundamental repensar sua abordagem e torná-lo mais inclusivo e acessível. Realizar os shows em espaços públicos, abrir mão da cobrança de ingressos e buscar parcerias para financiar os eventos são medidas que podem permitir que a cultura alcance um número maior de pessoas e se torne uma força transformadora na sociedade local. A valorização do teatro não deve ocorrer em detrimento da democratização da cultura, mas sim em harmonia com ela.

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