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Piauí, 20 de maio de 2024
Reportagens Especiais

A história de Maria da Consolação e a peregrinação pela alma milagrosa

No ano de 1980, Consolação foi morta aos dezessete anos. Um crime brutal e que chocou o estado do Piauí.


Maria da Consolação Lustosa nasceu em 16 de agosto de 1962 e era de uma família tradicional de Piripiri. Estudante do ginásio Aderson Ferreira, ela era considerada uma moça tranquila, amiga de todos e que honrava e respeitava seus pais.

No dia 1 de agosto de 1980, a jovem decidiu visitar parentes na zona rural de Piripiri. Ela embarcou em um carro de horário no mercado de Piripiri com destino à comunidade Cortadas. O carro parou na estrada, a cerca de 3 km da localidade, onde ela desceu para seguir a pé até a casa de sua tia, dona Francisca Gomes. "Ela sempre vinha passar as férias aqui em casa. Tinha esse costume de vir. Nesse dia, ela desceu do carro e veio sozinha, pois já era costume, aí o malvado também desceu do carro e a acompanhou".

Um indivíduo que estava no mesmo carro e desceu um pouco à frente e, sem que ela percebesse, a seguiu. Após andar cerca de 2 km, ele atacou a jovem, arrastando-a para o mato e cometendo centenas de atrocidades com ela. Foram cerca de 5 dias de muito sofrimento, até que ela faleceu. "Depois de muitos dias, a mãe dela sentiu falta e mandou examinar para saber se ela estava aqui na minha casa. Aí, nessa época, um rapaz estava procurando pequi, encontrou ela no mato, mas estavam só os ossos, os cabelos".

Após ser encontrada, os restos mortais dela foram colocados em um caixote, no qual foram levados até o hospital para serem examinados por um médico. Após isso, foram entregues à família, que os levou ao cemitério São Francisco, em Piripiri.

Edilson Lustosa é irmão de Consolação, na época ele tinha 8 anos. Em entrevista exclusiva ao R10 Piauí, ele relembra o caso. "Eu lembro que ela sempre me levava para a capela, me levava ao dentista. E minha mãe sempre pedia para eu ter cuidado com ela. Uma menina muito boa. Gostava de esportes."

Sobre o assassino, Edilson fala da obsessão que ele tinha por sua irmã. "Ele tinha uma obsessão por ela. Após o crime, ele continuou frequentando a comunidade normalmente, inclusive me chamava de cunhado."

Após cometer o crime, o autor do assassinato continuou indo à residência da família de Consolação. "Ele sempre ia à casa do meu tio, ele havia marcado de pilhar arroz, isso após o crime, mas não apareceu. Então meu tio desconfiou dessa situação e chamou a polícia para ir atrás dele, chegando no local ele correu e meu tio conseguiu pegá-lo dentro do mato."

Edilson fala sobre o sofrimento da família, especialmente de sua mãe. "Minha mãe sofreu a vida toda. Com a morte de Consolação e do Wagner, meu outro irmão. Hoje, ela tem Alzheimer e já não lembra de muita coisa."

CONDENAÇÃO 

Para chegar até o criminoso, o depoimento do motorista do veículo pau-de-arara foi muito importante. Após saber sobre o crime, o senhor Ôto informou sobre o desembarque de Consolação e do criminoso, dando as características dele para ajudar nas investigações. "Na época, ele foi condenado a 18 anos de prisão. Crime gravíssimo, mas só foram 18 anos", disse Edilson Lustosa.

ALMA MILAGROSA 

Nos anos 80, pouco depois de sua morte, fixaram no local uma cruz. Ali e em seu túmulo no cemitério começou a peregrinação: as pessoas pedem e depois voltam para agradecer as graças alcançadas.

Até os dias de hoje, a peregrinação continua. O povo ainda sustenta a santidade de Consolação.

São muitos os que dizem ter alcançado uma graça ao recorrer ao auxílio de Consolação, como é o caso de dona Raimunda, de 68 anos. "Ela é uma alma muito milagrosa. Eu já fiz promessa e alcancei a graça", disse. 

O tio de Consolação, Antônio José, também acredita que sua sobrinha seja capaz de ajudar as pessoas. "É uma alma milagrosa, Deus deu o poder de ela obrar milagres. Eu tenho uma filha que veio de São Paulo para pagar promessa", disse o tio de Consolação, Antônio José.

Após 43 anos, o que resta são as lembranças e a saudade da jovem Consolação, que partiu precocemente, mas deixou no coração da família, amigos e devotos a esperança e a fé.

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