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Piauí, 01 de maio de 2024
Geral

Candidatos barrados no 1º dia de Enem planejam chegar mais cedo no domingo para garantir a prova

Estudantes em diferentes cidades relataram que não prestaram o exame no 1º dia porque as salas estavam lotadas.


Alunos inscritos no Enem 2020 afirmam que vão à prova neste domingo (24) munidos de máscara, álcool em gel e de olho no relógio: muitos pretendem chegar mais cedo por medo de serem barrados na porta da sala de prova.

São esperados 2,6 milhões de candidatos – mais da metade dos inscritos faltou no primeiro dia de provas e não poderá comparecer ao segundo dia.

O Inep esclareceu na sexta (22) que os candidatos barrados no 1º dia do Enem terão duas opções:

  • comparecer ao 2º dia de provas, neste domingo (24);
  • ou pedir a reaplicação das duas datas do exame.

Alunos impedidos de fazer o Enem no primeiro dia de provas afirmam não ter clareza sobre como funcionará a reaplicação. Na dúvida, vão comparecer aos locais nos quais já estavam inscritos.

Kayane Vieira, de 18 anos, está escalada para fazer a prova na UniRitter, no campus Cavalhada, em Porto Alegre. Ela foi uma das que ficaram sem sala no domingo passado e está em um grupo de WhatsApp para trocar informações sobre a reaplicação do Enem.

"Eu vou à prova", diz. Ela diz que ouviu de outros candidatos informações desencontradas sobre a prova substituta. "Então cada um fala uma coisa e a gente não sabe o que fazer. Mas a gente tem medo de faltar", afirma.

De acordo com o Inep, os pedidos para substituir os exames perdidos poderão ser feitos a partir da próxima segunda-feira (25) até a sexta (29).

O presidente do Inep, Alexandre Lopes, declarou que os casos de salas lotadas ocorreram em 11 dos mais de 14.447 locais de prova - e que eles seriam averiguados. Citou cidades que tiveram visitas de agentes da vigilância e do Ministério Público e, afirmou, em nenhum caso houve interdição por motivos de saúde.

Tayna Bampi, de 20 anos, também estava na Uniritter em Porto Alegre e diz que pretende "chegar mais cedo e entrar na sala mais cedo também. Não acho que terá mais salas para abrir, talvez estejam contando mais com a desistência de pessoas. Acho que terá bem menos gente", diz.

Em Mogi das Cruzes, região metropolitana de São Paulo, Camila Militão, de 18 anos, também foi barrada no último domingo e pretende comparecer ao segundo dia.

"Eu vou preparada para a prova, mas temo que também não vou conseguir realizá-la de novo." A estudante reclama que a cidade dela não foi citada pelo Inep entre as que tiveram problemas com superlotação no balanço do domingo.

O presidente do Inep afirmou na entrevista coletiva do último domingo que há divergências entre o que foi noticiado e o que está registrado na ata das salas de prova. Mas informou que qualquer participante que se sentiu prejudicado pode solicitar a reaplicação a partir de 25 de janeiro.

Calor

Outro desafio será suportar o calor. Os protocolos do Inep priorizam a ventilação natural, com portas e janelas abertas. Só será permitido ligar o ar-condicionado se ele tiver um filtro especial que impeça a passagem do Sars-CoV-2, o que não é comum em salas de aula.

Rafaela D’Avila Vellado, de 19 anos, fez a prova no último domingo em Porto Alegre e se queixou do clima abafado. "A sala foi enchendo, só tinha 2 janelas, um calor de quase 30 graus. Não tinha ventilador, ar-condicionado, nada. Fiquei preocupada como seria durante a prova."

Infectologistas ouvidos pelo G1 dizem que o risco de pegar Covid-19 é maior nos deslocamentos pelo transporte público do que durante a avaliação.

“São jovens que deveriam estar evitando aglomerações e que vão ser forçados a sair de casa, a pegar transporte público e a talvez encontrar grandes grupos nos corredores e portões”, afirma Alexandre Naime Barbosa, chefe da infectologia da Universidade Estadual de São Paulo (Unesp) e consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI).

“Se for ver todo o processo, a realização da prova em si é o menor dos perigos. A mudança de rotina, sim, vai impactar o número de casos.”

Ventilação

Nas salas de provas, a dica é ficar de olho na ventilação adequada.

Vitor Mori, membro do Observatório Covid-19 BR e pesquisador na Universidade de Vermont, nos Estados Unidos, aponta a ventilação das salas de prova como outro ponto crítico na realização do Enem.

Para ele, não tem sentido discutir percentual de ocupação de salas de aula ou distanciamento em metros se não houver ventilação suficiente.

"Falam de ventilação de forma superficial. E a principal transmissão é pelo ar. Se não tiver protocolos sérios de troca de ar e monitoramento, não tem como garantir proteção das pessoas", afirma.

Mori defende que deveria haver um controle dos níveis de gás carbônico nas salas de aula para checar se a troca de ar ocorre de forma correta.

"Sempre argumento que estamos parados na concepção da pandemia de março. Não atualizou [os protocolos]. Quando os protocolos são errados e não funcionam, os casos aumentam."

"Essa coisa do 1,5 metro parte do princípio de que a transmissão acontece por gotículas maiores. Quando a gente fala, tosse, espirra, a gente emite partículas maiores, mais pesadas, que caem a distância mais curta. Mas a transmissão também ocorre por partículas mais leves, aerossóis, que ficam flutuando no ar e se espalham na sala. É como fumaça de cigarro. Você sente o cheiro, mesmo estando a mais de 1,5 metro. Em ambientes fechados, o que importa mais é a ventilação", afirma.

Escola pública na pandemia

Este domingo também será o fim de um ciclo para os candidatos que terminaram o ensino médio na pandemia. De acordo com dados do governo, 1.374.111 candidatos confirmados em todo o Brasil estavam no terceiro ano do ensino médio durante a suspensão das aulas presenciais.

"Não me sinto preparada, nem a metade", afirma Verônica Lopes Marinho, de 17 anos. Ela terminou o ensino médio em uma escola pública de Belford Roxo (RJ) em meio à suspensão das aulas presenciais.

"Pelo pelo que vi, é uma prova que tem que estar bem preparada o ano todo, e eu não estava", conta. "A gente sempre quer passar de primeira, eu espero que dê", torce a candidata, que busca uma vaga em fisioterapia ou nutrição na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) também pelo Sisu.

Números do Enem 2020

  • Enem suspenso: 58 cidades terão reaplicação da prova: 56 no Amazonas e duas em Rondônia
  • Doenças infectocontagiosas: Até o 1º dia, 10.171 pessoas haviam pedido para participar da reaplicação por terem sintomas de doenças infectocontagiosas. Foram aceitas 8.180 e negadas 1.991.
  • Cidades, locais, salas: o 1º domingo de Enem teve 1.689 municípios, 14.447 locais de prova e 201.380 salas de aplicação.
  • Inscritos no 1º dia: 5.523.029 inscritos (o número exclui participante do AM e de duas cidades de RO que suspenderam as provas)
  • Presentes no 1º dia: 2.680.697 (48,5%)
  • Ausentes/abstenção do 1º dia: 2.842.332 (51,5%)
  • Eliminados no 1º dia: 2.967 participantes foram eliminados por portar equipamentos eletrônicos, saírem da sala antes do horário permitido, entre outros.
  • Logística: 69 candidatos foram afastados por "ocorrências logísticas", como emergências médicas ou interrupção de energia elétrica.
  • Falta de luz: Três escolas em São Sebastião do Passé (BA) tiveram problemas de fornecimento na energia elétrica e os candidatos terão reaplicação. Menos de 1 mil candidatos estavam inscrito

Fonte: G1

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